segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Sophia - Um Anjo em nossas vidas

No dia 8 de novembro de 2014 tive a melhor notícia da minha vida: estávamos grávidos!!! Na primeira tentativa recebemos o nosso tão sonhado positivo, vinha aí o maior presente das nossas vidas e já tínhamos os nomes escolhidos Sophia ou Arthur. Fiz o exame de farmácia às 06:30 depois de quatro dias de atraso, mas antes do teste algo já dizia que eu estava diferente. Nós demos a notícia aos nossos pais no dia seguinte, com um almoço muito gostoso, o nosso primeiro filho ou filha estava a caminho. Minha madrinha, que também estava no almoço de revelação, falou que eu estava grávida mesmo porque não podia dar falso positivo, então nós estávamos em êxtase. No dia 15 de novembro fiz o Beta HCG e a notícia foi confirmada, a partir do positivo no tornamos PAIS e o nosso fim de ano foi maravilhoso.




Quando completei 12 semanas fui a clinica para fazer a translucência nucal, a partir daí tudo começou a desmoronar.  A translucência registrou 4,0 e um “defeito muito grave”, como disse a doutora. Ela me apavorou muito, disse que havia algo errado na barriga do bebê, que não se fechou direito, e era uma doença genética, chamada onfalocele, depois de todas as notícias ruins ela falou que era uma menina. Fiquei muito feliz, mas completamente preocupada com o desenvolvimento da minha filha. Nesse dia meu marido não pode ir comigo e foi a minha mãe que me acompanhou. Eu e minha mãe ficamos desoladas, levamos um grande choque e ficamos lá fora chorando por muito tempo e pedindo a Deus por um milagre. Eu não consegui voltar ao trabalho nesse dia.
A partir daí eu vivia em pânico, chorando sem parar por horas, meu marido sempre calmo falava para eu não sofre por antecipação. Ele sempre me abraçava e me tranqüilizava, mas a angústia e o medo tomavam conta de mim. Eu sempre conversava com a minha princesinha Sophia, dizia a ela sempre e sempre que eu a amava e que eu estaria sempre do lado dela, até quando ela precisasse de mim. Tivemos uma consulta com o especialista em medicina fetal dias depois e ele falou que meu corpo iria expelir a criança. Que horror ouvir aquilo de um médico! Ele não se importava nenhum pouco com os meus sentimentos.
Confirmei com 19 semanas que realmente seria a Sophia a minha tão desejada, amada e aguardada filha que estava a caminho. Meu marido e eu planejamos a gestação da Sophi, fizemos exames, tomei ácido fólico com antecedência e tudo que foi necessário para tê-la com saúde, mas nem sempre os nossos planos são os mesmos de Deus, não é mesmo? Mas eu nunca perdi a minha fé, muito pelo contrário a cada notícia ruim a minha fé e do meu marido aumentava. Diziam que eu não passaria dos três meses de gravidez e a minha filha ia crescendo e crescendo.
O mesmo médico fez outros exames e um dia falou que no meu caso a justiça poderia me ajudar a interromper, para que não houvesse o sofrimento da criança. Eu falei para ele, nesse dia estava apenas eu, a Sophia e Deus, não doutor eu nunca farei isso. Ela é minha filha, dentro de mim bate um coração. Vou amá-la de qualquer forma. Nós não desistimos da nossa filha, a luta foi grande, os amigos mais próximos sabiam e rezavam por nós. Muitos órgãos não eram vistos nos exames, e eu sempre acreditei que ela estava se desenvolvendo no tempo dela. Tinham pessoas de várias religiões rezando e orando por nós.
Eu não contei mas eu cai na garagem de casa, tive cinco dias de sangramento, parecido com borra de café, sendo que fiquei 10 dias de repouso em casa inserindo progesterona, para segurar a minha tão amada filha. Nenhum dos médicos acreditava que ela nasceria, falavam a todo o momento que a chance de sobrevivência seria mínima. Os médicos somente tinham suposições do que ela realmente teria, falaram que poderia ser a síndrome de down ou Arnold chiari. Eu queria muito que ela voltasse bem para casa, depois de muito pesquisar descobri que a segunda síndrome era fatal, então eu torci para que fosse down. Nós nunca tivemos preconceito. A minha GO foi um anjo nas nossas vidas, ela virou minha amiga, que sempre dizia vamos aguardar a Sophia nascer.
E a minha pequena nasceu no dia 18/06/2015 às 08:40 pesando 1.140kg e 36cm. Foi amor à primeira vista... Não deixaram meu marido assistir o parto, pois ela poderia não resistir. Mas eu mantive minhas orações e fé inabaláveis como sempre e ela veio ao mundo! Infelizmente ela nasceu com muitas malformações: atresia do esôfago, mielomeningocele e a onfalocele. Os médicos disseram que ela tinha o fenótipo da síndrome de Edwards e o cariótipo dela foi recolhido pelo cordão umbilical. Eu tive a opção de fazer a amniocentese, mas nós decidimos não fazer nada invasivo que pudesse prejudicá-la.
Com 24 horas de vida ela passou pela primeira cirurgia da mielo, que chamam de espinha bífida. Essa cirurgia tinha um risco muito grande, mas se ela não fizesse perderia muito líquido da espinha e isso poderia interferir nos movimentos do corpinho dela.
Ela venceu a segunda batalha, pois a primeira foi nascer... Nossos corações de pais ficaram a 1000 na enfermaria... A vontade que eu tinha era de ir lá no centro cirúrgico e ficar perto dela, mas antes da cirurgia nós conversamos muito com a Sophia, que se ela ouvisse o chamado do Papai do Céu era para ela ir tranqüila, que nós ficaríamos bem.
A cirurgia correu muito bem, sem nenhuma complicação. Deixamos ela na UTI e fomos para casa com um vazio enorme no peito. Por sorte um dia na visita a enfermeira deixou que eu a pegasse. Meu marido e eu ficamos super felizes porque estávamos morrendo de vontade, mas como ela estava com muitos aparelhos pensávamos que não seria possível. No dia 10 de julho ela fez a cirurgia do esôfago, pois até o momento não estava se alimentando. A nutrição parenteral foi interrompida com poucos dias de vida. Os médicos sempre muito diretos e objetivos diziam só coisas ruins, mas Deus esteve presente e mais uma vez ela superou o terceiro obstáculo da vida dela. Foi inserido uma sonda pelas costas da Sophi e no mesmo dia já começou com 1ml de leite materno, assim sucessivamente até chegar em 5ml. Infelizmente não fui eu que a alimentei pois meu leite estava empedrando e eu acabei tomando remédio para secar. Cheguei a doar leite por alguns dias, mas a cada ordenha era um tormento, uma cachoeira de lágrimas.
Infelizmente no dia 15 de julho quando fui sozinha visitá-la, porque meu marido não foi liberado para ir comigo, eu senti que algo já estava estranho. A sonda estava vazando e ela estava muito sedada. Antes de acabar o horário de visitas eu conversei muito com a minha filha e orei com ela. A noite meu marido e eu fomos vê-la e os aparelhos que a monitoravam já demonstravam o que não queríamos ver... Nossa menina estava nos esperando para se despedir... Ali naquela UTI neo natal nos despedimos da nossa tão amada princesa e a devolvemos a Deus, ela lutava até o último momento, mas dissemos para que ela descansasse no Senhor e fosse em Paz, porque ela tinha cumprido a missão dela. Fomos para casa desolados e em poucos minutos nos ligaram para dizer que ela tinha virado a nossa estrelinha.
Perder um filho é a pior coisa do mundo, é um sentimento indescritível: vem a revolta, o medo e a tristeza... Embora tantas coisas que aconteceram em nossas vidas, aprendemos que não podemos guardar mágoa, culpar Deus? Nunca! Ele poupou a nossa filha da dor e do sofrimento. Meu marido e eu fomos escolhidos por Deus e pela nossa filha, não sabemos o porquê mas agora a Sophi nos acompanha em nossos corações e lembranças. Estamos em paz também, aprendendo a viver o luto, a vencer a tristeza e conviver com a saudade. Tiramos uma lição disso tudo, aprendemos a AMAR INCONDICIONALMENTE. Enfrentamos muitos comentários maldosos e preconceituosos da nossa família, mas com muita serenidade nós vencemos! Para nós a Sophia Vitória veio para transformar as nossas vidas e de todos que nos conheceram e sabem da história da nossa pequena guerreira! E graças a Deus que encontramos a Síndrome do Amor e agora nossas esperanças foram renovadas para que futuramente possamos pensar em uma nova gravidez. A Sophia lá de cima nos guia e intercede por nós...
Fica uma frase para os pais especiais, assim como nós:
Enquanto houver vida, há esperança!


Um beijo da mamãe amorosa Pri e do papai amoroso Fer.

Um comentário:

  1. Nunca li um texto tão lindo em toda minha vida! Estou emocionado com a sua força a sua superação pois eu acho que não aguentaria! Deus dá o fardo conforme podemos suportar! Vc é uma guerreira e vou te colocar em minhas orações assim como a todas mães que enfrentam isso! Chorei com suas palavras e ao imaginar a dor q vc deve ter sentido! Mas deus só te abençoa a alma é imortal e vc vai encontrar Sophia em outro plano e ainda vão concretizar esse amor que agora não foi possível mas que é incondicional imortal e eterno!

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