No dia 8 de novembro de 2014 tive
a melhor notícia da minha vida: estávamos grávidos!!! Na primeira tentativa
recebemos o nosso tão sonhado positivo, vinha aí o maior presente das nossas
vidas e já tínhamos os nomes escolhidos Sophia ou Arthur. Fiz o exame de
farmácia às 06:30 depois de quatro dias de atraso, mas antes do teste algo já
dizia que eu estava diferente. Nós demos a notícia aos nossos pais no dia
seguinte, com um almoço muito gostoso, o nosso primeiro filho ou filha estava a
caminho. Minha madrinha, que também estava no almoço de revelação, falou que eu
estava grávida mesmo porque não podia dar falso positivo, então nós estávamos
em êxtase. No dia 15 de novembro fiz o Beta HCG e a notícia foi confirmada, a
partir do positivo no tornamos PAIS e o nosso fim de ano foi maravilhoso.
Quando completei 12 semanas fui a clinica para fazer a
translucência nucal, a partir daí tudo começou a desmoronar. A translucência registrou 4,0 e um “defeito
muito grave”, como disse a doutora. Ela me apavorou muito, disse que havia algo
errado na barriga do bebê, que não se fechou direito, e era uma doença
genética, chamada onfalocele, depois de todas as notícias ruins ela falou que
era uma menina. Fiquei muito feliz, mas completamente preocupada com o
desenvolvimento da minha filha. Nesse dia meu marido não pode ir comigo e foi a
minha mãe que me acompanhou. Eu e minha mãe ficamos desoladas, levamos um grande
choque e ficamos lá fora chorando por muito tempo e pedindo a Deus por um
milagre. Eu não consegui voltar ao trabalho nesse dia.
A partir daí eu vivia em pânico, chorando sem parar por
horas, meu marido sempre calmo falava para eu não sofre por antecipação. Ele
sempre me abraçava e me tranqüilizava, mas a angústia e o medo tomavam conta de
mim. Eu sempre conversava com a minha princesinha Sophia, dizia a ela sempre e
sempre que eu a amava e que eu estaria sempre do lado dela, até quando ela
precisasse de mim. Tivemos uma consulta com o especialista em medicina fetal
dias depois e ele falou que meu corpo iria expelir a criança. Que horror ouvir
aquilo de um médico! Ele não se importava nenhum pouco com os meus sentimentos.
Confirmei com 19 semanas que realmente seria a Sophia a
minha tão desejada, amada e aguardada filha que estava a caminho. Meu marido e
eu planejamos a gestação da Sophi, fizemos exames, tomei ácido fólico com
antecedência e tudo que foi necessário para tê-la com saúde, mas nem sempre os
nossos planos são os mesmos de Deus, não é mesmo? Mas eu nunca perdi a minha
fé, muito pelo contrário a cada notícia ruim a minha fé e do meu marido
aumentava. Diziam que eu não passaria dos três meses de gravidez e a minha
filha ia crescendo e crescendo.
O mesmo médico fez outros exames e um dia falou que no meu
caso a justiça poderia me ajudar a interromper, para que não houvesse o
sofrimento da criança. Eu falei para ele, nesse dia estava apenas eu, a Sophia
e Deus, não doutor eu nunca farei isso. Ela é minha filha, dentro de mim bate
um coração. Vou amá-la de qualquer forma. Nós não desistimos da nossa filha, a
luta foi grande, os amigos mais próximos sabiam e rezavam por nós. Muitos
órgãos não eram vistos nos exames, e eu sempre acreditei que ela estava se
desenvolvendo no tempo dela. Tinham pessoas de várias religiões rezando e
orando por nós.
Eu não contei mas eu cai na garagem de casa, tive cinco dias
de sangramento, parecido com borra de café, sendo que fiquei 10 dias de repouso
em casa inserindo progesterona, para segurar a minha tão amada filha. Nenhum
dos médicos acreditava que ela nasceria, falavam a todo o momento que a chance
de sobrevivência seria mínima. Os médicos somente tinham suposições do que ela
realmente teria, falaram que poderia ser a síndrome de down ou Arnold chiari.
Eu queria muito que ela voltasse bem para casa, depois de muito pesquisar descobri
que a segunda síndrome era fatal, então eu torci para que fosse down. Nós nunca
tivemos preconceito. A minha GO foi um anjo nas nossas vidas, ela virou minha
amiga, que sempre dizia vamos aguardar a Sophia nascer.
E a minha pequena nasceu no dia 18/06/2015 às 08:40 pesando
1.140kg e 36cm. Foi amor à primeira vista... Não deixaram meu marido assistir o
parto, pois ela poderia não resistir. Mas eu mantive minhas orações e fé
inabaláveis como sempre e ela veio ao mundo! Infelizmente ela nasceu com muitas
malformações: atresia do esôfago, mielomeningocele e a onfalocele. Os médicos
disseram que ela tinha o fenótipo da síndrome de Edwards e o cariótipo dela foi
recolhido pelo cordão umbilical. Eu tive a opção de fazer a amniocentese, mas nós
decidimos não fazer nada invasivo que pudesse prejudicá-la.
Com 24 horas de vida ela passou pela primeira cirurgia da
mielo, que chamam de espinha bífida. Essa cirurgia tinha um risco muito grande,
mas se ela não fizesse perderia muito líquido da espinha e isso poderia interferir
nos movimentos do corpinho dela.
Ela venceu a segunda batalha, pois a primeira foi nascer...
Nossos corações de pais ficaram a 1000 na enfermaria... A vontade que eu tinha
era de ir lá no centro cirúrgico e ficar perto dela, mas antes da cirurgia nós
conversamos muito com a Sophia, que se ela ouvisse o chamado do Papai do Céu
era para ela ir tranqüila, que nós ficaríamos bem.
A cirurgia correu muito bem, sem nenhuma complicação.
Deixamos ela na UTI e fomos para casa com um vazio enorme no peito. Por sorte
um dia na visita a enfermeira deixou que eu a pegasse. Meu marido e eu ficamos
super felizes porque estávamos morrendo de vontade, mas como ela estava com
muitos aparelhos pensávamos que não seria possível. No dia 10 de julho ela fez
a cirurgia do esôfago, pois até o momento não estava se alimentando. A nutrição
parenteral foi interrompida com poucos dias de vida. Os médicos sempre muito
diretos e objetivos diziam só coisas ruins, mas Deus esteve presente e mais uma
vez ela superou o terceiro obstáculo da vida dela. Foi inserido uma sonda pelas
costas da Sophi e no mesmo dia já começou com 1ml de leite materno, assim
sucessivamente até chegar em 5ml. Infelizmente não fui eu que a alimentei pois
meu leite estava empedrando e eu acabei tomando remédio para secar. Cheguei a
doar leite por alguns dias, mas a cada ordenha era um tormento, uma cachoeira
de lágrimas.
Infelizmente no dia 15 de julho quando fui sozinha
visitá-la, porque meu marido não foi liberado para ir comigo, eu senti que algo
já estava estranho. A sonda estava vazando e ela estava muito sedada. Antes de
acabar o horário de visitas eu conversei muito com a minha filha e orei com
ela. A noite meu marido e eu fomos vê-la e os aparelhos que a monitoravam já
demonstravam o que não queríamos ver... Nossa menina estava nos esperando para
se despedir... Ali naquela UTI neo natal nos despedimos da nossa tão amada
princesa e a devolvemos a Deus, ela lutava até o último momento, mas dissemos
para que ela descansasse no Senhor e fosse em Paz, porque ela tinha cumprido a
missão dela. Fomos para casa desolados e em poucos minutos nos ligaram para
dizer que ela tinha virado a nossa estrelinha.
Perder um filho é a pior coisa do mundo, é um sentimento
indescritível: vem a revolta, o medo e a tristeza... Embora tantas coisas que
aconteceram em nossas vidas, aprendemos que não podemos guardar mágoa, culpar
Deus? Nunca! Ele poupou a nossa filha da dor e do sofrimento. Meu marido e eu
fomos escolhidos por Deus e pela nossa filha, não sabemos o porquê mas agora a
Sophi nos acompanha em nossos corações e lembranças. Estamos em paz também, aprendendo
a viver o luto, a vencer a tristeza e conviver com a saudade. Tiramos uma lição
disso tudo, aprendemos a AMAR INCONDICIONALMENTE. Enfrentamos muitos
comentários maldosos e preconceituosos da nossa família, mas com muita
serenidade nós vencemos! Para nós a Sophia Vitória veio para transformar as
nossas vidas e de todos que nos conheceram e sabem da história da nossa pequena
guerreira! E graças a Deus que encontramos a Síndrome do Amor e agora nossas
esperanças foram renovadas para que futuramente possamos pensar em uma nova
gravidez. A Sophia lá de cima nos guia e intercede por nós...
Fica uma
frase para os pais especiais, assim como nós:
Enquanto
houver vida, há esperança!
Um beijo da
mamãe amorosa Pri e do papai amoroso Fer.
Nunca li um texto tão lindo em toda minha vida! Estou emocionado com a sua força a sua superação pois eu acho que não aguentaria! Deus dá o fardo conforme podemos suportar! Vc é uma guerreira e vou te colocar em minhas orações assim como a todas mães que enfrentam isso! Chorei com suas palavras e ao imaginar a dor q vc deve ter sentido! Mas deus só te abençoa a alma é imortal e vc vai encontrar Sophia em outro plano e ainda vão concretizar esse amor que agora não foi possível mas que é incondicional imortal e eterno!
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