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João Paulo – Nosso Terceiro Presente |
Contudo, um exame no inicio de
janeiro/2015, mostrou problemas antes não detectados, minhas preocupações
estavam apenas começando, nosso bebê apresentou síndrome dos pés tortos,
dilatação do ventrículo esquerdo e havia dificuldade de verificar o
funcionamento do rim esquerdo. Após isso a médica (minha
ginecologista/obstetra) pediu mais exames com o intuito de dar tempo para o
bebê amadurecer mais e estudar seu caso o máximo possível antes do parto (que
estava marcado para 01/03/2015), mas no ultimo exame foi mostrado que meu bebê
não podia mais esperar, ele nasceu em 11/02/2015, João tinha 41cm e 1,870kg.
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João Paulo com Mamãe |
Imediatamente ele foi entubado e
colocado em uma incubadora, tinha dificuldade para respirar, só o vi através de
fotos e vídeos do parto, meu marido estava presente, graças a Deus! Daí foram
dias angustiantes em que tive que me contentar com idas rápidas a UTI para
vê-lo desacordado e tão frágil cercado de tubos e fios. Quando tive alta foi
meu pior dia, sair de lá e não leva-lo comigo me fez muito mal, chorei e
vomitei de tanto nervosismo, só me senti mais forte quando cheguei em casa e dormi
abraçada ás minhas duas filhas e chorei sem me importar com mais nada. Não sei
o que faria sem marido também, ele tem sido mais que minha rocha de segurança,
ele é TODA a minha segurança, somente seu abraço me fez mais tranquila nos
momentos de maior tensão e preocupação.
Bem, desde então tivemos uma rotina
de pais de UTI, vamos todos os dias ás 17h para ve-lo, e falar com os médicos
que o acompanham. Temos livre acesso a João Paulo, mas escolhemos este horário
para estar com ele com tranquilidade, pois ainda temos 02 ameninas e meu marido
está trabalhando durante o dia. Houve muitos dias bons, semanas até, em que ele
esta estável, respirando sem suporte de aparelhos, sem medicações e com uma
curiosidade nos olhos que me enchia de esperanças e alegria. Mas também houve
dias que só Deus e o amor de minha família para me dar uma luz e me fazer olhar
pra frente com esperança, como por exemplo os dias que devido a infecções ele
teve sangramentos internos e teve que
tomar bolsas de sangue e plasma, além da dieta suspensa.
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João Paulo com Papai |
Nosso João Paulo permanecia estável,
ainda respirando com suporte de aparelhos, dieta de poucos ml’s de leite,
muitos remédios... demorei meses para pega-lo no colo, me contentando em tocar
sua mão e sua cabecinha através das janelas da incubadora enquanto via dentro
de seus olhos uma grande força de vida. No dia da Páscoa, meu marido perguntou
ao médico se só naquele dia eu não poderia pega-lo e ele deixou, fazia tempo
que não chorava de tanta alegria, sorrindo com cada mexidinha que ele dava, com
vontade de enche-lo de beijinhos (me contive), parecia o melhor dia de todos.
Algum tempo depois recebemos o
resultado do exame que apontou ele possui a Síndrome de Edwards, estudamos e
aprendemos tudo oque pudemos sobre isso tudo, mantendo a esperanças, mas
confesso que essa descoberta foi um “grande balde de água fria” em nossa
vontade dele voltar logo para casa, ele precisará de muito mais tempo.
João Paulo cativava a todos, era
lindo ver que cada pessoa que o conhecia (familiares, amigos, profissionais do
hospital) olhavam em seus olhinhos e viam força, beleza, fé e alegria e depois
saiam de lá me dando parabéns, eu tinha um filho lindo e corajoso. Sempre
concordei com isso. No dia 08/08/2015, foi outro dia de imensa alegria, nossas
meninas puderam ter um rápido momento para conhecer o irmão, ele estava bem e
numa sala isolada da UTI, foi aberta essa oportunidade depois de muita
conversa, pois ele ainda estava precisando de muitos cuidados. Elas se
apaixonaram por ele, foi como um dia de festa.
E a nossa rotina continuou, dias bons
com ele no meu colo agarrado no avental que eu usava, houve dias que eu chegava
e ele estava chorando, pois queria meu colo para poder dormir, cheguei a
alimenta-lo com ajuda de seringa (ele não pode mamar, por causa da
traqueostomia que o ajudava a respirar), dei banho nele apenas uma vez (havia
vários fatores que exigiam mãos treinadas e habilidosas para fazer isso) mas
sempre que podia trocava sua roupinha e o arrumava (ele ficava lindo e feliz
quando a equipe do hospital vinha ver a roupa que ele usava e o enchia de
elogios). Eu via felicidade no meio daquele mundo de fios, agulhas, medicações,
luvas e mascaras.
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João Paulo, um presente de amor |
Mas nas ultimas semanas ele estava
fraco e precisando de muita atenção, chegaram e destacar técnicos de enfermagem
para cuidar dele exclusivamente. Foram tantas transfusões, furadas de agulha em
busca de acesso, troca e avaliações de tratamentos... meu filho e a equipe
médica estavam lutando para que ele melhorasse. No dia 20/10/2015 recebi uma
ligação na hora que eu e meu marido estávamos nos arrumando para voltar pra lá,
disseram que devíamos correr, ele precisava de nós perto e que ele não estava
nada bem... e então, ás 21:13h daquele mesmo dia meu filho foi para o céu.
Quando tudo acabou eu vi que somente ele só precisava de mim naquele momento
para não ter medo e poder se despedir, e foi o que eu fiz, rezei e pedir para o
que o melhor fosse feito por Deus e Ele fez, deu ao meu menino o conforto que
ele merecia e o descanso que ele precisava, é nisso que eu acredito.
Obrigada meu Deus por me dá a
oportunidade de conhecer tão especial pessoa que meu filho foi, obrigada a
todos que foram visita-lo e tiveram a chance de serem cativados pessoalmente,
aos que não foram tenho que certeza que ele conquistou por fotos e histórias
que contamos, e muito obrigada a toda a equipe médica e hospitalar que deu ao
meu filho o melhor tratamento e tanto carinho, vi o como vocês falavam com ele,
faziam cafuné e davam tanta atenção a ele, muito obrigada!
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